Créditos de Carbono x Pegada de Carbono

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Qual a diferença entre créditos de carbono e pegada de carbono?

Quando falamos de gases de efeito estufa (GEE), a unidade de medida utilizada é o dióxido de carbono equivalente (CO2eq). Isso ocorre pois existem diferentes GEE e no agro os mais relevantes são o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Cada um destes tem diferentes capacidades de reter calor na atmosfera, 1 para o CO2, 28 para o CH4 e 265 para o N2O de acordo o relatório 5 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC; Myhre et al., 2013), considerando um período de 100 anos.

O CO2eq pode ser considerado uma moeda. Sabemos que existem diversas moedas ao redor do mundo com diferentes valores relativos, no entanto, numa negociação internacional estas moedas são convertidas para o dólar. Do mesmo jeito, a nível de avaliação e/ou comercialização de GEE, todos os gases são convertidos a CO2eq.

Créditos de carbono são títulos com valor monetário, gerados a partir de determinada quantidade de GEE verificados que deixaram de ser emitidos ou que foram retirados da atmosfera. Já a pegada de carbono é a relação entre a quantidade emitida de CO2eq e a quantidade de produto produzido na propriedade (Carne bovina, soja, milho, etc).

Para ficar mais claro vamos observar em uma mesma situação a diferença entre estes dois ativos ambientais. Se considerarmos a terminação de bovinos de corte em confinamento, no primeiro exemplo (Tabela 1), observa-se que em um manejo já adotado na propriedade, são emitidos 0,241 ton de CH4 (Já convertido para CO2eq), se for adicionado a dieta dos bovinos um aditivo para reduzir as emissões de CH4, essa quantidade que deixou de ser emitida pode ser convertida em créditos de carbono.

Tabela 1: Geração de créditos de carbono na fase de terminação de bovinos de corte por meio do uso de aditivo alimentar.

Categorias de bovinos Peso Inicial (kg) Peso Final (kg) Emissão de metano antes de utilizar o aditivo (ton CO2eq) Redução nas emissões de metano pelo uso do aditivo (%) Quantidade reduzida nas emissões de metano (ton CO2eq)
Machos não castrados 380 500 0,241 45% 0,108

Valores adaptados de Guimaraes et al. (2024). Considerou 87 dias em confinamento.

No exemplo a seguir (Tabela 2), temos a mesma terminação em confinamento (a emissão total foi superior relativamente ao exemplo anterior, pois nesse caso são consideradas as emissões de N2O e CO2, além do CH4). Para obter a pegada de carbono é preciso dividir a emissão total pela quantidade de carcaça produzida, 0,462/62.

Tabela 2: Pegada de carbono da fase de terminação de bovinos de corte.

Categorias de bovinos Peso Inicial (kg) Peso Final (kg) Emissão total (ton CO2eq) Quantidade de carcaça produzida (kg) Pegada de carbono (kg CO2eq. kg de carcaça-1)
Machos não castrados 380 500 0,462 62 0,0074

Valores adaptados de Guimaraes et al. (2024). Considerou, 52% de rendimento de carcaça e 87 dias em confinamento.

Foi apresentado aqui o exemplo com bovinos de corte em confinamento, mas esta mesma lógica pode ser adotada para soja, milho, leite, etc. Em resumo, o crédito de carbono é um novo produto gerado na propriedade, com valor monetário, enquanto a pegada de carbono corresponde às emissões de CO2eq associada ao produto gerado, que pode ser usada para agregação de valor.


Referências Bibliográficas

Guimarães, Yuri Santa Rosa. Impactos ambientais da suplementação de bovinos de corte na pegada de carbono e uso da terra. 2022.

Myhre, Gunnar et al. Anthropogenic and natural radiative forcing. Climate Change 2013-The Physical Science Basis, p. 659-740, 2014.

Published on: março 18, 2025