Plantas de cobertura: grandes aliadas para a participação no mercado de carbono

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As plantas de cobertura ganham destaque como uma solução eficiente para melhorar a saúde do solo e capturar carbono. Nesse artigo, você irá descobrir porque as plantas de cobertura são ferramentas valiosas para os produtores que desejam se conectar ao mercado de carbono e quais plantas contribuem mais com o estoque de carbono no solo.

 

Plantas de cobertura: como elas contribuem para a saúde do solo?

 

Essenciais para sistemas agrícolas mais resilientes, as plantas de cobertura promovem benefícios que vão além da proteção superficial do solo. Na Figura 1, é possível observar diversos benefícios que a adoção das plantas de cobertura promove na melhoria da saúde do solo e nos componentes ligados a ele (físicos, químicos e biológicos).

 

Figura 1. Explicação didática sobre os benefícios das plantas de cobertura para o sistema de produção. Fonte: Cherubin e colaboradores, 2024.

A cobertura do solo reduz os efeitos da erosão, auxiliando na redução do impacto da gota da chuva (Cherubin e colaboradores, 2024). Além disso, as plantas funcionam como “isolantes térmicos”, mantendo a temperatura do solo mais baixa e reduzindo a evaporação. Elas também ajudam no controle do banco de sementes de plantas daninhas, seja pelo efeito alelopático ou até mesmo como uma barreira física, suprimindo a emergência das invasoras.

As raízes das plantas de cobertura criam “caminhos” no subsolo, favorecendo a infiltração da água, o que também auxilia na movimentação dos nutrientes entre as camadas do solo.

As plantas de cobertura e o carbono do solo

O aumento da produção de biomassa vegetal que as plantas de cobertura proporcionam é um dos fatores que mais vem sendo estudados nos sistemas de produção. Por meio da fotossíntese, elas captam o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e o incorporam na estrutura das plantas e no solo.

Por isso, além de atuar na remoção dos gases do efeito estufa da atmosfera, as plantas de cobertura tornam o sistema de produção mais resiliente às mudanças do clima, tanto pela proteção superficial do solo quanto pelo incremento de matéria orgânica, que reflete em carbono.

Principais plantas de coberturas e usos

Cultivadas para produção de grãos e sementes, usadas no pastejo do gado, silagem, produção de feno e provedoras de palha para o sistema de plantio direto, as plantas de cobertura protegem e melhoram a saúde do solo (Lamas, 2017).

Entre as espécies mais utilizadas no Brasil, a braquiária se destaca com o maior potencial de acumular carbono no solo, graças ao seu sistema radicular robusto e profundo, e também pela parte aérea (Peixoto, 2023). Outras opções incluem as plantas do gênero Panicum, sorgo, milheto, nabo forrageiro e a crotalária, cada uma com benefícios específicos para diferentes condições de manejo (Tabela 1).

Tabela 1. Plantas de cobertura e seus principais benefícios

Espécie

Principais benefícios

Braquiária

Alta
produção de biomassa, maior acúmulo de carbono, controle da erosão

Panicum
maximum

Produção
de biomassa, resistência à cigarrinha-das-pastagens

Sorgo

Alta
produção de biomassa, resistência à seca

Milheto

Boa opção
para entressafra, ciclagem de nutrientes e rápido crescimento

Crotalária

Fixação de
nitrogênio e redução de nematoides (Rotylenchulus
reniformis
, Heterodera glycines,
Meloidogyne javanica e Meloidogyne incognita)

Fontes: Embrapa Gado de Corte, Cherubim e colaboradores (2024)

O manejo adequado dessas espécies é essencial para maximizar seus benefícios. O plantio deve considerar fatores como época do ano, condições climáticas e objetivos específicos da propriedade. Em sistemas integrados de produção, como o ILP (Integração Lavoura-Pecuária), as plantas de cobertura desempenham um papel-chave, promovendo a sustentabilidade e abrindo portas para a participação no mercado de carbono.

Ao adotar essas práticas, os agricultores e pecuaristas não apenas impulsionam a melhoria de suas áreas produtivas, mas também contribuem ativamente para a mitigação das mudanças climáticas.

A Agoro Carbon está aqui para apoiar você em cada etapa do processo, desde o planejamento, monitoramento até a venda do crédito de carbono, gerado a partir da implementação das práticas regenerativas.

Que tal dar o próximo passo rumo à participação nesse mercado?

Referências Bibliográficas

Embrapa Gado de Corte. Panicum maximum cv. Tanzânia-1. 1990. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-solucoes-tecnologicas/-/produto-servico/885/panicum-maximum-cv-tanzania-1#:~:text=Esta%20cultivar%20contribui%20para%3A%20a,ganho%20de%20peso%20pelo%20gado. Acesso em 23 janeiro. 2025.

Cherubin, Maurício Roberto. Guia prático de plantas de cobertura: espécies, manejo e impacto na saúde do solo. Universidade de São Paulo. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2024. DOI: https://doi.org/10.11606/9786587391618. Disponível em: www.livrosabertos.abcd.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/book/1340. Acesso em 23 janeiro. 2025.

Peixoto, R. Integração lavoura-pecuária acumula mais carbono no solo que sucessão de culturas de grãos.2023. Disponível em: https://www.embrapa.br/tema-integracao-lavoura-pecuaria-floresta-ilpf/busca-de-noticias/-/noticia/79457264/integracao-lavoura-pecuaria-acumula-mais-carbono-no-solo-que-sucessao-de-culturas-de-graos. Acesso em 23 janeiro. 2025.

Lamas, F. M. Artigo – Plantas de cobertura: O que é isto? 2017. Disponível em: https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/28512796/artigo—plantas-de-cobertura-o-que-e-isto. Acesso em 23 janeiro. 2025.

Published on: fevereiro 14, 2025